A Doença Renal Crónica Felina é uma doença progressiva e debilitante, sem uma cura definitiva, mas que atualmente pode ser controlada permitindo que o gato mantenha melhor qualidade de vida por mais tempo.
Para compreender melhor o que é esta patologia, há que entender antes de mais o que é e qual a função do órgão “rim”.
Qual é a função dos Rins?
De uma forma simples, tal como em todos os mamíferos, os rins são órgãos responsáveis por filtrar todo o sangue do organismo, removendo produtos tóxicos que resultam do metabolismo, eliminando-os do organismo através da urina. Esta é a principal função dos rins. No entanto, para além disto, os rins são de extrema importância na manutenção do equilíbrio electrolítico e hídrico do animal, e têm um papel fundamental na produção de algumas hormonas importantes para o normal funcionamento do organismo, como por exemplo a produção de glóbulos vermelhos e o metabolismo do cálcio.
Termos um animal com Doença Renal Crónica Felina, significa que os seus rins perderam a capacidade de realizar a sua normal função de uma forma permanente e irreversível. É uma doença de progressão mais ou menos lenta. Com o evoluir da mesma, os rins vão perdendo a normal estrutura funcional que os constitui. A sua forma vai-se alterando e o tecido que os constitui também, deixando de existir estrutura normal e capaz de realizar o “trabalho” que é característico deste órgão.
Qual é a causa da Doença Renal Crónica Felina?
Na grande maioria dos casos de Doença Renal Crónica, é impossível determinar qual a causa que levou ao desenvolvimento da patologia.
Algumas raças têm alguma predisposição para esta patologia devido a problemas congénitos ou doenças renais familiares (por exemplo Abissínio, Persa).
Outras causas prováveis de Doença Renal Crónica são:
* exposição a substâncias tóxicas para os rins (alguns medicamentos, produtos químicos)
* Tumores
* Doenças inflamatórias/imunomediadas e/ou infeciosas
* Amiloidose
Quais os sintomas da Doença Renal Crónica felina?
A Doença Renal Crónica é uma patologia que afeta os rins, mas que se se reflete sistemicamente, afetado todo o corpo.
Numa fase inicial ocorrem algumas respostas do organismo para tentar compensar a perda de função deste órgão. Nessa altura surgem os primeiros sintomas. No caso específico dos gatos, muitas vezes, durante um longo período de tempo (meses ou até anos), os sintomas são muito subtis e de difícil valorização pelos tutores, o que faz com que, infelizmente, muitos só sejam diagnosticados em estádios já avançados de Doença Renal Crónica.
Desta forma, é imprescindível conhecer os sintomas mais frequentes de Doença Renal Crónica, para poder saber o que acontece.
Mas, afinal quais são os sintomas que um gato com Doença Renal Crónica felina pode apresentar e que devem alertar um tutor?
Os sintomas podem ser vários, ao observar estes ou alguns destes comportamentos, deve sempre procurar o seu Médico Veterinário assistente:
* beber muita água (polidipsia) e aumento do volume diário de urina (poliúria) – este é um dos sintomas mais usuais e descrito pelos donos.
* Perda de apetite (alguns animais apresentam quadros, em que comem menos, de uma forma esporádica, pelo que este aspeto é desvalorizado por muitos proprietários, sendo apenas indicado como significativo e preocupante quando o animal deixa de comer por completo)
* Perda de condição corporal (a perda de peso na maioria dos casos é lenta e o dono, na maioria dos casos, não consegue ter uma perceção deste sintoma logo no início da patologia)
* Vómitos
* Mau hálito (halitose)
* Úlceras na cavidade oral
* Animais dormem mais que o normal
* Deixam de se lavar
* Pêlo com aspeto baço e frágil
* Fraqueza generalizada
* Desidratação
* Anemia
* Hipertensão arterial
* Alteração da forma e tamanho dos rins
* Perda de proteína na urina (proteinúria)
* Acidose metabólica
Muitos destes sintomas podem ser detetados pelos donos, outros apenas através de meios de diagnóstico clínico. Há animais que apresentam todos estes sintomas e outros apenas alguns.
Muitas destas alterações não são exclusivas de Doença Renal Crónica, podendo surgir em outros quadros clínicos e outras patologias. O Médico Veterinário deve ser sempre informado de qualquer alteração que seja detetada e será ele o mais indicado para efetuar o diagnóstico correto.
(Artigo reproduzido do site da Boehringer Ingelheim Portugal)